sábado, 3 de dezembro de 2011

Pensamentos sobre os velhos






Dois velhos, um casal, passam pelo metrô Capão Redondo. Vejo-os atravessar a rua e digo dentro de mim -- "Por que raios eles estão atravessando fora da faixa?! NÃO, POR AÍ NÃO!!! Meu deus, por que eles estão pisando na poça d'água?!... AI, QUANTO DESAJEITO, SENHOR!!!"...

Penso que se habitasse uma cidade menos cruel, onde as pessoas convivem ao invés de só se suportarem mutuamente, eu pudesse ver alguma beleza naquilo. Não habitam o mesmo mundo que eu. As pessoas vivem seus mundos e verdades em seus tempos, passados estes, tornam-se anacrônicas e obsoletas; tanto mundos quanto verdades. Isto é, no mundo da tecnologia avançada em que o humano é o que menos importa, o mundo gélido, frígido e viciado em cocaína, o esta terra SP.

sábado, 26 de novembro de 2011

"Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes" (R. Reis)


Hoje, sinto-me aleijado perante a vida. A cada passo dado, taças de cristal sucumbissem ao pó, e sangram. À direita ou à esquerda, não importa, a catástrofe é inevitável. Todo e qualquer movimento tem como fim, por mais que não finalidade, mortos e feridos; e aos poucos morro junto.

Que a mentira é um mal causador de mágoas, fato, mas QUEM se atenta às dores e angustias em potencial anexas aos fatos de sinceridade? O que pode ser mais forte, destrutivo? Um jogo dicotômico em que jogam: verdades, sentimentos, necessidades e dúvidas, mas o grande mestre sempre é o caos.

Hoje já não sei mais o que deseja para si este ser anamorfo que abita minha alma, pois daquilo em que outrora encontrara felicidades, só sobraram cascas, resíduos...

Meu pecado deve ser almejar a dissidência do medíocre, uma vida mais completa, com pessoas mais inteiras, não aos pedaços. Começo a pensar que talvez o problema seja eu...

terça-feira, 29 de março de 2011

Aline


Este poemas é dedicado a uma amiga de pouco tempo, mas especial como se o tempo fosse grande. Espero que gostem.


Não sairás ileso,

Por mais que sejas imparcial

Algo virá com tua retirada

E de ti roubarão sem dúvidas algum pedaço.


Somos, quase por completo

Feitos de retalhos

Retalhos de carne, pensamento e coração

Há quem declare integridade na forma,

Porém afirmo, tal integridade é o oposto

De tudo que chamamos VIDA...

J. Maia.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Panis et Circencis





















“Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão

(Coro) Apesar de você
amanhã há de ser outro dia (...)”

Apesar de você é uma música de Chico Buarque de Holanda lançada em 1970, porém devido seu conteúdo supostamente “subversivo”, foi proibida e só pode ser tocada e ouvida livremente em 1978.

Para mim (acredito que para muitos outros também) esta é a música mais alegórica em termos do que se conheceu por censurara e ditadura militar; é a história vista por dentro, história viva que não é a mesma dos livros didáticos nem do discurso dos mestres, é a história que vive nas entranhas de quem viveu e conhece a dor que é ter algo a dizer, dor que não apenas dói, mas dor que sufoca e pode até matar! Sufocou não só artistas, mas também jornalistas e principalmente políticos (principalmente políticos...).

Bom, o fato é que o mundo deu voltas. Já não temos o mesmo cenário, não há mais guerra fria, os generais se foram, os presidentes vieram... Nos jornais, televisões, revistas, internet, tudo passa, tudo é permitido, tudo é LIVRE! Nas ruas fala-se do que bem se tem vontade, fala-se do jogo de futebol, imita-se o personagem da novela das oito, ouve-se comentários sobre a tragédia que o Datena mostrou, faz-se piadas sobre o Serra, o Kassab, a Marta Suplicy, Até o Lula entra na dança!... Ah, enfim temos uma DE-MO-CRA-CI-A!

Mas será que é mesmo?...

Segundo uma pesquisa realizada pela organização não governamental Eurodata TV Worldwide, as crianças brasileiras passam em média 3 horas e 31 minutos por dia em frente à televisão, e como percebe-se muito evidentemente em nossa sociedade, isso é refletido em seu comportamento. Quem nunca viu uma criança brincando de Superman, Spider Man, Policia e Ladrão e etc.? Ou melhor, quem nunca viu um menino que sonhasse em ser jogador de futebol ou uma menina que sonhasse em ser uma princesa e ter um príncipe encantado que lhe levasse para morar no castelo? Mas é claro, é uma atitude absolutamente compreensível e de certa forma natural, isso são fantasias da infância, até quem nunca teve televisão em casa fantasiou quando criança, porém o que preocupa realmente é que muitas dessas fantasias introjetadas na psique do brasileiro desde a infância podem perdurar por toda a vida e terminam por formar seres humanos alienados, presos às coisas fúteis e mundos de fantasias que lhes são expostos desde bem pequenos. Será que esta não é uma forma indireta de censura também?

Mas não há só isso, entretenimento fútil e efêmero, há e sempre houve uma arte verdadeira que diverte, sim, mas também conscientiza, alerta, policia. Mas esta arte é abafada, suprimida; as grandes mídias formadoras da opinião popular pouco falam de temas de fato importantes de uma forma clara explicita e inteligível, quando falam, logo vira piada em seus programas humorísticos, mas quando algo crítico de verdade é produzido por aqueles que têm cede de mudança, isso não ganha visibilidade nenhuma, permanece praticamente no mesmo grupo de onde foi gerada, não chega às mãos de quem realmente precisa, às mãos do povo. É conveniente para alguns.

Entre idas e vindas esta é a nossa neo-censura, onde não é proibido mostrar nada, mas é previamente decidido o que se vê, o que se aceita e o que se repudia.

VIVA NOSSA DEMOCRACIA!!!